Setembro Amarelo - Mês de prevenção ao suicídio
Pensando em contribuir com a campanha de prevenção do suicídio, este artigo tem o objetivo de alertar a população a um dos principais fatores de risco para o suicídio, que é a presença de sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica, embora este não seja necessário para a ocorrência do ato. Considerando este grande fator de risco, é prudente refletirmos sobre nossa saúde mental e, para que isso aconteça é preciso ter um bom manejo no gerenciamento dos seus pensamentos e das suas emoções. Desenvolver bons hábitos, cuidando da sua espiritualidade, fazendo atividades físicas, boa alimentação e bons relacionamentos. Esses são alguns dos ingredientes para ter uma vida saudável.
Diversos fatores levam as pessoas ao adoecimento psíquico, tais como: fatores psicológicos, fatores sociais e fatores individuais.
Fatores Psicológicos:
- perdas recentes;
- perdas de figuras parentais na infância;
- inibição emocional;
- dinâmica familiar conturbada;
- datas significativas para a pessoa;
- personalidade com traços significativos de impulsividade, agressividade e humor lábil.
Durante a nossa existência passamos por diversos momentos de crise. O termo crise foi inicialmente empregado em Psiquiatria em 1963, por Caplan e Lindemann, para descrever as reações de uma pessoa a situações traumáticas, tais como desastres naturais, desemprego, perda ou morte de alguém querido.
E qual é a importância de saber esses conceitos?
Acontece que se verificou que muitas pessoas tiveram seu primeiro episódio relativo ao transtorno mental em questão durante ou após o período de crise. Outros sofreram alterações importantes de personalidade ao entrar em um período de crise, fosse ela evolutiva ou acidental. E outros com transtornos mentais haviam tido seus sintomas intensificados após atravessarem um período de crise. Isso quer dizer que devemos estar atentos não só ao que já aconteceu a uma pessoa, mas também ao que vem acontecendo, que possa estar gerando um nível maior de tensão. Outro ponto importante é procurarmos não “minimizar” a crise alheia, com palavras como: “Ah! É só um período de crise, isso logo passa.” Crise é crise e, para cada pessoa, tem um peso diferente. Se ficarmos usando os nossos parâmetros para medir o sofrimento do outro, perderemos o que há de mais importante no acolhimento de uma pessoa em sofrimento psíquico.
Fatores Sociais:
- rápidas mudanças sociais;
- estresses relacionados à aculturação;
- discriminação;
- isolamento;
- abuso;
- violência;
- relacionamentos conflituosos;
- condições de trabalho estressantes;
- exclusão social.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), um ambiente que respeite e proteja os direitos básicos civis, políticos, socioeconômicos e culturais é fundamental para a promoção da saúde mental.
Ao nascermos mergulhamos numa vida social, na história e no tempo, e vivemos ao longo da nossa existência, diferentes papéis e espaços sociais (a nossa casa, a escola, o trabalho, a igreja, dentre outros), repleto de significados, que chegam a nós por meio dos outros (nossos parceiros sociais) conhecidos ou não. Passamos a integrar progressivamente nas relações sociais, aprendendo a nos reconhecermos como pessoas, e a questão social é um elemento “causa” de muitos fracassos na vida dos Jovens, principalmente por tomada de decisões equivocadas. A pobreza é um fator que interfere negativamente no modo de pensar, de sentir e de agir de uma pessoa em desenvolvimento.
Fatores Individuais:
- como perdas financeiras,
- dores crônicas;
- história familiar de pessoas com transtornos psicológicos;
- desesperança;
- autocontrole e/ou autodisciplina insuficientes;
“O suicídio é uma questão individual com causas sociais”.
A saúde mental esta estritamente ligada à solidariedade humana, tornando-se um valor quando tomamos consciência das necessidades dos outros e o desejo de contribuir e colaborar para a sua satisfação. Não podemos ser solidários somente nas desgraças, na infelicidade, nos acontecimentos lamentáveis. A solidariedade deve ser incentivada tanto na família, como na escola, assim como em outras redes de relacionamentos, porque se trata de um sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana que pode salvar vidas.
Escrito por: Ricardo Sconamiglio CRP – 53430.0 – Gerente do nosso serviço SASF e psicólogo